A VINHA NAS MÃOS DOS MAIS JUSTOS
Na Bíblia a vinha é usada para simbolizar o povo. Parábolas afins foram contadas por Jesus, textos bíblicos foram escritos por Paulo e Isaias para advertir aos governantes sobre a importância desse povo para Deus. Há uma certeza de que Deus colherá os frutos que deseja, confiando sua vinha a bons agricultores. Aos que exercem cargos de liderança indagamos: Quais frutos Deus espera de vocês para alimentar o seu povo? Não se corromper pelo poder e servir com responsabilidade ao bem coletivo já seria um excelente fruto. Sempre que surge um novo líder buscamos nele a autenticidade, responsabilidade e preocupação com o bem do povo; um bem que os leve ao protagonismo, que não os deixem entregues à sorte, que construa-lhes um destino.
A nossa cidade, aos olhos de quem bem a conhece é aquela videira fértil cantada pelo profeta Isaias: dela aguardávamos a produção de uvas de excelente qualidade, mas que só tem produzido frutos selvagens. Cabe-nos perguntar a nós mesmos: O que poderíamos ter feito a mais por nossa vinha e não o fizemos? Contávamos com uvas de verdade; mas por que só colhemos frutos selvagens? Será se não coube a nós a culpa de ter desmanchado a cerca? Decerto ela foi arrancada pelos vinhateiros; ela foi devastada, porque se sentiu no abandono, e por isso foi pisoteada, tornou-se inculta e selvagem. Tornou-se terra de ninguém. Por muitos e muitos anos, a vinha não foi podada, nem lavrada, e assim, espinhos e sarças tomam-lhe os espaços... Nem as nuvens quiseram mais derramar chuva sobre ela. Quem vai às suas ruas e praças não é difícil deparar-se com soldados jactansiosos e um monte de parasitas lamentando o triste fim de “Policarpo Quaresma”; nos bares encontramos jovens esbanjadores refazendo a apologia das meretrizes; pais avarentos fazendo “aos poderosos” as últimas recomendações da filha amorosa, sempre interrompido pelo servo idiota com um recado da alcoviteira...
A vinha com o passar dos anos troca de mãos e a multiplicação dos últimos quadros nas praças e ruas já é esperada, embora aconteçam algumas baixas: há a graça de morrer o hipócrita, há a tristeza de o soldado ser substituído pela filha referendada e o idiota ser ultrapassado pelo astrólogo. A população se renova, os jornalistas morrem um após outro, entretanto nascem aqueles que assumirão seus lugares no diálogo...
Quando alguém assume um novo papel e chega à praça pela primeira vez, verificam-se mudanças em cadeia, até que todos os papéis sejam novamente redistribuídos; enquanto isso, o velho irado continua a retorquir a camareira espirituosa, o usurário não pára de extorquir o jovem deserdado, a enfermeira entende de consolar a enteada, e não notamos em nenhum deles os olhos atentos à cena precedente.
Descobrimos, entre os documentos abandonados, a pasta de um velho dialogador ocupando dois ou mais papéis: tirano, benfeitor, mensageiro... Com o passar do tempo, os papéis não são mais exatamente os mesmos; sem dúvida a ação que estes levam adiante, por meio de intrigas e reviravoltas, conduz a algum tipo de desfecho, que continua a se aproximar mesmo quando a intriga parece se complicar-se cada vez que os obstáculos entendem de aumentar. Quem vai às praças e ruas diariamente nota que as cenas se deterioram, de ato em ato, ainda que a vida dos habitantes seja medíocre demais para perceber.
“A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular... Quando voltar os donos da vinha, o reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produzirá frutos”. Portanto, a você que veio para herdar essa vinha, encontrará uma cidade tomada pelos pavões de barro; ela, que outrora fora um celeiro de esperança, da água limpa do rio até seu estuário, transformou-se nesse buraco negro de moscas e pernilongos: a cidade das ruas empoeiradas e sujas de papel de excrementos e de sarcasmos... “Ocupai-vos com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro e honroso. Tudo que é virtude e que mereça louvor, a fim de que possamos ver a pronta transformação do nosso reino particular, o bom cultivo da nossa vinha e o florescimento da justiça.
Carlos Kahê
Na Bíblia a vinha é usada para simbolizar o povo. Parábolas afins foram contadas por Jesus, textos bíblicos foram escritos por Paulo e Isaias para advertir aos governantes sobre a importância desse povo para Deus. Há uma certeza de que Deus colherá os frutos que deseja, confiando sua vinha a bons agricultores. Aos que exercem cargos de liderança indagamos: Quais frutos Deus espera de vocês para alimentar o seu povo? Não se corromper pelo poder e servir com responsabilidade ao bem coletivo já seria um excelente fruto. Sempre que surge um novo líder buscamos nele a autenticidade, responsabilidade e preocupação com o bem do povo; um bem que os leve ao protagonismo, que não os deixem entregues à sorte, que construa-lhes um destino.
A nossa cidade, aos olhos de quem bem a conhece é aquela videira fértil cantada pelo profeta Isaias: dela aguardávamos a produção de uvas de excelente qualidade, mas que só tem produzido frutos selvagens. Cabe-nos perguntar a nós mesmos: O que poderíamos ter feito a mais por nossa vinha e não o fizemos? Contávamos com uvas de verdade; mas por que só colhemos frutos selvagens? Será se não coube a nós a culpa de ter desmanchado a cerca? Decerto ela foi arrancada pelos vinhateiros; ela foi devastada, porque se sentiu no abandono, e por isso foi pisoteada, tornou-se inculta e selvagem. Tornou-se terra de ninguém. Por muitos e muitos anos, a vinha não foi podada, nem lavrada, e assim, espinhos e sarças tomam-lhe os espaços... Nem as nuvens quiseram mais derramar chuva sobre ela. Quem vai às suas ruas e praças não é difícil deparar-se com soldados jactansiosos e um monte de parasitas lamentando o triste fim de “Policarpo Quaresma”; nos bares encontramos jovens esbanjadores refazendo a apologia das meretrizes; pais avarentos fazendo “aos poderosos” as últimas recomendações da filha amorosa, sempre interrompido pelo servo idiota com um recado da alcoviteira...
A vinha com o passar dos anos troca de mãos e a multiplicação dos últimos quadros nas praças e ruas já é esperada, embora aconteçam algumas baixas: há a graça de morrer o hipócrita, há a tristeza de o soldado ser substituído pela filha referendada e o idiota ser ultrapassado pelo astrólogo. A população se renova, os jornalistas morrem um após outro, entretanto nascem aqueles que assumirão seus lugares no diálogo...
Quando alguém assume um novo papel e chega à praça pela primeira vez, verificam-se mudanças em cadeia, até que todos os papéis sejam novamente redistribuídos; enquanto isso, o velho irado continua a retorquir a camareira espirituosa, o usurário não pára de extorquir o jovem deserdado, a enfermeira entende de consolar a enteada, e não notamos em nenhum deles os olhos atentos à cena precedente.
Descobrimos, entre os documentos abandonados, a pasta de um velho dialogador ocupando dois ou mais papéis: tirano, benfeitor, mensageiro... Com o passar do tempo, os papéis não são mais exatamente os mesmos; sem dúvida a ação que estes levam adiante, por meio de intrigas e reviravoltas, conduz a algum tipo de desfecho, que continua a se aproximar mesmo quando a intriga parece se complicar-se cada vez que os obstáculos entendem de aumentar. Quem vai às praças e ruas diariamente nota que as cenas se deterioram, de ato em ato, ainda que a vida dos habitantes seja medíocre demais para perceber.
“A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular... Quando voltar os donos da vinha, o reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produzirá frutos”. Portanto, a você que veio para herdar essa vinha, encontrará uma cidade tomada pelos pavões de barro; ela, que outrora fora um celeiro de esperança, da água limpa do rio até seu estuário, transformou-se nesse buraco negro de moscas e pernilongos: a cidade das ruas empoeiradas e sujas de papel de excrementos e de sarcasmos... “Ocupai-vos com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro e honroso. Tudo que é virtude e que mereça louvor, a fim de que possamos ver a pronta transformação do nosso reino particular, o bom cultivo da nossa vinha e o florescimento da justiça.
Carlos Kahê