segunda-feira, 6 de julho de 2009

A ORQUESTRA DOS MORTOS - Romance de Carlos Kahê



Este é um livro moderno, quer pela linguagem poético/musical de sua narrativa, ou pela beleza de imagens evocadas em seu tema. A obra está dividida em três partes:
1º. Livro – Os Melhores anos de nossas vidas;
2º. Livro – A Água em flor;
3º. Livro – O Tempo vence o rei;
O texto de abertura invoca a história de amor proibido entre uma dona de casa e o seu médico, amigo do seu esposo: um amor platônico, no inicio do século XX, com requintes demoníacos de desonra. Amores, outros, impossíveis, hão de pespontar o enredo deixando espaço para que o tempo ordene o destino de cada um. Aqui o tempo é senhor do homem, como pode ser, também, esse senhor, o demônio, uma vez que na medida em que nos apaixonamos pelo personagem ele aparece riscando-o da narrativa.
O ambiente é o inusitado universo sul baiano, tão conhecido em todo o mundo por ser o local da descoberta do Brasil, portanto reconhecido mundialmente, em nível turístico, jamais pelo viés literário.
O tempo, além de dominar os homens, apresenta-se marcado por fatos históricos e situações sociais e ambientais que vão do definhamento da Mata Atlântica ao descaso em relação ao índio, "oriundi", personagem de fundação da Costa do Descobrimento.
Como elemento adicional aos personagens fictícios – os donos reais da história - veremos, também, personagens tão ricos como o presidente Artur Bernardes, Getúlio e Lampião, entre outros...
Não é certo que todas as personagens morrerão. De certeza há apenas que o leitor vai se envolver com todos eles; porém como formar a utópica orquestra? Com elementos vivos? Impossível! E então?... O autor entrou em angústia. Ao terminar de escrever este livro, teve necessidade de retomar o texto para retomar as sua relação com as personagens.
O leitor não poderá fazê-lo.
Em sendo assim, este não é um livro moderno. Este é um livro indomável!

Nenhum comentário: