A ROSA DO TEMPO – CONTOS
4º. LIVRO publicado por CARLOS KAHÊ
ISBN 978-85-62426-06-3 – catalogação SNEL, Rio
Pedidos: Editora LIVRONOVO, São Paulo, 2009
www.livronovo.com.br
Que imagem A ROSA DO TEMPO celebra em nosso manancial?
A singela rosa da utopia borda os ideais deste poeta prosador celebrando a vida do homem pós-moderno - aquele que sangra nas filas, que aperta o cinto e faz silo no cós das mãos - um equilibrista nato que confirma seus ideais com aquilo que lhe parece possível tirar do absurdo.
O mundo solfeja que a grande utopia não é mais desejável.
Mas quem acredita num semeador triste?
Quem atravessaria campos de ácidos eivados de seu passado?
Nos tempos modernos, sabemos, reinam o medo e o preconceito, os nossos valores são negados, ignorados, porém o que importa é perceber a aurora nos olhos das pessoas, importa é que as sementes do sol estejam nas mãos da juventude...
Ao escrever A Rosa do Tempo, à minha maneira, tento ratificar a arte literária pela limpeza distribuindo, através do baralho de cores dos meus sentimentos, velhas cartas e meus antigos segredos.
2. Resenha
Tomei conhecimento do trabalho de Kahê, durante a Copa do Mundo na Alemanha, onde estudo. Pelas mãos de um amigo, li o seu excelente, Sangue na Rua das flores, após, criei coragem de lhe pedi outros trabalhos, como o seu romance, O Santo Selvagem, além das crônicas que escrevia para o caderno cultural de um jornal de sua região. O Bailado Humano publicado há dois anos, pela Editora 7Letras, Rio veio confirmar a trajetória de um autor que prima pela musicalidade, pela expressão verbal cingida de conceitos eficazes e densos de significados. Considerei Um Rio Perene, um romance apaixonante, pós-moderno, em todos os aspectos, e há os inéditos A Noiva da Cidade, A Orquestra dos Mortos e Pássaros Mudos, trabalhos a serem concluídos, e que o alçarão ao grande público.
Kahê confessou-me sentir a presença de certas entidades, quando escreve. Cavaleiros voláteis apeiam diante dele, lhe sorriem e depois se evaporam como bonecos de nuvens. Pois, nesta Rosa do Tempo, há passagens que ele mesmo lê arrepiado, incomodado com a presença quase palpável de Drummond, de Clarice, de Neruda... Enfim, Kahê, que é professor de literatura e pós-graduado em jornalismo, mais uma vez, surpreende com seu estilo ultra-moderno, utilizando expressões necessárias, únicas, densas, concisas, memoráveis.
Gabriel Lima Passos
Orelha – 3.
Carlos Kahê nasceu em Itagimirim, Extremo-sul baiano. Tão logo se acercou do sentimento do mundo, mudou-se para Itabuna, quem sabe atraído pela aura literária dos filhos ilustre da região cacaueira, Jorge Amado, Adonias, Telmo Padilha, Valdelice e Firmino Rocha. Kahê é músico, compositor, letrista denso, uma espécie de intelectual “gauche” devido a suas incursões instáveis pelas universidades. Começou na Arquitetura, onde vislumbrou a estética concretizada nas Letras. Deixou a Economia, por medo da dispersão, pela aridez, porém, jamais se afastou da sua teoria, volta e meia, invocada por uma de suas personagens. Pós-graduou-se em Jornalismo, porém, no retrato do artista, quando, ainda, bem jovem, há algumas nuances de Engenharia, cuja aplicação equilibra-o, sempre e mais na coesão, embora ele afirme que esta seja água bebida nas fontes de Graciliano, Fuentes, Lispector, Yourcenar e os grandes poetas do mundo. De sua região ele elege Telmo Padilha.
O Editor
4ª Capa.
Acordo e ouço a voz de Caetano murmurada entre casarões senzalas e solares invocando a tua negra presença... “Paralisa meu momento em que tudo começa a tua presença...” Salvador está a pouco tempo de mim.
O luar paira sobre o Recôncavo brilhando na pancada da cachoeira. Estando feliz o meu santo, eu me calo e se cala o Paraguaçu na pedra do cavalo.
As águas revolvem o mangue, em cujos labirintos a lua dança entre as canoas. Pastores dormem sobre as margaridas e São Jorge passeia com seu cavalo branco pelas salinas de Goa.
As luzes de Candeias iluminam o Bomfim; os remos cortam as águas da baía trazendo a canção da lua vagando entre as ilhas. Salvador está a poucas águas de mim. Posso senti-la. Vejo seu rosário de luzes, imagino-a quente, gingando com seus tambores verdes, amarelos, vermelhos e pretos – olhares africanos escondidos em sua trilha, em sua selva de arte, de ritmos, de crenças e de caos...
Se teus deuses um dia entenderem de te fazeres triste, subleve os deuses, Bahia! Deuses são estrangeiros! Não cale seus tambores! Não ponha outra vez a tua doçura na lábia do negociante! Não ponha nos bolsos do seu rico capote dogmas inúteis! O sagaz estrangeiro não alcançando a complexidade de tua magia, vai zarpar com sua máquina mercante...
O Autor
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